sábado, 16 de abril de 2011

Tomé, um espírito saudável

Tomé é um nome que dificilmente um pai dará ao seu filho. Tratando-se de pais religiosos, digo ser isso quase impossível. Faça uma lista de quantos João, Lucas, Mateus, Marcos, Pedro e Tiago você conhece. E quantas amigos com o nome Tomé você tem?

Raro, não é? Tomé, na cabeça de muitos é uma palavra sinônima de incredulidade. Muitas são as vezes que encontro uma pessoa um pouco vacilante no momento de tomar uma decisão e ouço alguém dizer: ‘Que isso rapaz, está parecendo Tomé!’.

Porém, gostaria de mostrar outro Tomé a vocês. O Tomé da Bíblia.

O texto de reflexão é: João 20. 19-31 (leia, por favor).

Jesus, embora tenha por muitas vezes falado que ressuscitaria, ninguém entendeu ou confiou plenamente em suas palavras. Viram Cristo ressuscitar Lázaro, mas, ressuscitar a si mesmo era algo um tanto quanto inimaginável.

Imagine você vivendo naqueles dias. Talvez você poderia pensar: “Através de Jesus muitos foram curados, mas conseguiram matar Jesus”.

Veja o lamento dos dois seguidores no caminho a Emaús (leia Lucas 24).

Cristo morreu! No momento de sua prisão, todos os discípulos fugiram. Uma tristeza tomou conta deles. Pedro, o que ficou olhando de longe negou a Cristo e também fugiu.

“Acabou!” Talvez fosse o que passava em suas cabeças. Eles foram testemunhas oculares de grandes maravilhas que Jesus havia feito, mas Jesus estava morto.

E algo estranho na prisão de Jesus é que quando avistou os que vinham prendê-Lo, não esboçou resistência alguma, mesmo sabendo que seria preso. Ele mesmo se identificou como o Jesus a quem procuravam.

Pedro não agüentou e de uma forma valente, tentando evitar a prisão do Mestre, sacou a sua espada e arrancou a orelha do servo do sumo-sacerdote que veio prender o Cristo. E Jesus, repreendeu Pedro, pediu que guardasse a espada, ‘colou’ novamente a orelha do soldado e ainda disse: “Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e Ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos?”.

Ora, Jesus se ‘entregou’, impediu a tentativa de fuga iniciada por Pedro e ainda não quis que os anjos o livrasse daquele momento?

Sim! Para os discípulos e soldados ali estava sendo firmada a grande derrota, mas, para Jesus ali era o início da maior vitória que o mundo já viu.

Os discípulos e seguidores de Cristo não entenderam. Aliás, convenhamos, eu e você naquele lugar jamais entenderíamos.

Acabou! Era a palavra que ecoava em suas mentes.

Cleopas e mais um amigo iam a Emaús desiludidos. Maria Madalena ficava olhando o túmulo de Jesus e chorando. Os demais discípulos ficaram à portas trancadas por medo da perseguição dos judeus.

E, Tomé onde estava? Longe de todo mundo.

Tomé se isolou! O trauma da morte de Jesus foi tão intenso na vida dele que aquela determinação de lutar e morrer com Jesus (Jo 11.16) se perdeu, momentaneamente. Tomé viveu o seu momento depressivo sozinho. Um momento só dele. De muita tristeza e dor.

Você já passou momentos assim? Tomé também.

Jesus, ressurreto, aparece aos discípulos e pede que estes toquem suas feridas. Todos os discípulos viram e tocaram em Jesus, menos Tomé (João 20.19-24).

Após esse encontro de Jesus com os discípulos, Tomé foi até a casa onde os demais discípulos estavam. Lá ouviu a boa nova da ressurreição de Cristo. E disse que se ele também não visse e tocasse nas feridas de Cristo como seus amigos o fizeram, ele não creria.

Você poderia dizer: ‘incrédulo esse Tomé’. Na verdade, ele não tinha ausência de fé, apenas uma fé que precisava ser amadurecida, que precisava crescer.

Será que os demais discípulos, se não tivessem visto a Jesus, também não duvidariam?

Acredito que sim! Pois Jesus antes de aparecer a eles, apareceu a Maria Madalena e a algumas mulheres. Elas correram, contaram aos discípulos “mas eles não acreditavam nas mulheres; as palavras delas lhes pareciam loucura” (Lc 24.11).

Tomé foi fiel ao seu momento!

Poderia ter fingido por medo de não ser aceito por aquele grupo, ou por receio de ser tachado como alguém sem fé. Mas, Tomé foi sincero. Ele tinha fé, porém esta não era suficiente para crer em tamanha maravilha.

Uma atitude de farsa somente adoeceria a sua alma.

Jesus gosta de pessoas sinceras. Tanto é que aparece novamente aos discípulos, e desta vez Tomé estava com eles. E realiza o desejo de Tomé pedindo que este lhe toque as feridas (João 20.25-31).

E Jesus encerra dizendo que bem-aventurado é aquele que tem uma fé mais profunda, que não precisa ver para crer.

Mas mesmo todos os seus discípulos precisando ver para crer, Jesus não os deixou. Pelo contrário, se mostrou a eles, pediu que os tocassem, e sonhou com o crescimento de cada um, pois eles não fingiram diante de Jesus.

Uma fé autêntica traz cura e crescimento ao coração. Seja fiel ao seu momento!